quinta-feira, 27 de setembro de 2012

coisas que não passam pela garganta #3

aparentemente coisas tão simples como levar um tupperware para almoçar no trabalho/escola ou fazer da bicicleta um transporte diário só passam a hábitos quotidianos se passarem por um travestismo cool. é passar os olhos por blogues, redes sociais e publicações e pumba! lá estão escarrapachados os "novos modos de vida urbana" e há todo um proselitismo a incutir aos infiéis. yah, é fixe levar tupperware com comida, melhor e mais barata do que a que a universidade oferece, mas tenho mesmo de fazer um blogue sobre isso? pior, terá o público de fazer uma reportagem sobre estas novas (?) tendências? suponho que divulgá-las ajuda a expandi-las, mas o que me faz verdadeiramente impressão é o complexo que (ainda) existe  em portugal com estes hábitos que relembram tempos piores, em que a marmita não era uma opção e em que a bicicleta era um tesouro, dada a falta de transportes públicos e privados. o que me irrita é este país intrinsecamente novo rico que necessita que seja cool para que se torne possível resgatar hábitos sustentáveis, saudáveis e lógicos. pois,  caso contrário, quelle honte! levar marmita, eu? ainda pensam que não tenho dinheiro para almoçar fora..

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

da inaptidao tecnológica

porra, porque é que o (meu) word tem esta tendência para ter vontade própria? passo mais tempo a corrigir-lhe os desvarios, do que a dizer  escrever de minha justiça..

vida madrasta a minha

à noite é sempre sexta-feira e todas as manhãs deviam ser segunda.

domingo, 9 de setembro de 2012

da falta de gosto ao calçar

uma pessoa faz tempo num aeroporto e dá uma vista de olhos pelas lojas e o que é que encontra? pior que umas sandálias- bota (feias que metem dó), sobre as quais já aqui destilei o meu veneno, só ténis-bota-de-salto-alto (What??). que falta de propósito, porra!


Otelo demora, todos os dias, cerca de duas horas na casa de banho, a tratar da higiene pessoal. (...)Primeiro mergulha no duche, demorado e meticuloso. Depois limpa-se com igual minúcia, e dá início ao tratamento capilar integral. com um curto ancinho de plástico [sim, diz mesmo isto!], uma pequena carda adequada, remove as pilosidades corporais que vão caindo. a seguir escova os abundantes pêlos do peito, costas, pernas, etc. Usa uma vassourinha [exacto!] própria, arredondada, semelhante a uma escova de cabelo de mulher, mas sem cabo. Após esta operação, certas zonas [não quero pensar quais..] da pele podem estar a precisar de uma limpeza adicional. Otelo procede então à lavagem localizada [é mesmo necessário saber isto?], servindo-se de várias águas. 

MOURA, Paulo (2012) Otelo o Revolucionário, Lisboa: Dom Quixote, pp.11 

constatação (in)feliz?


roubado à limão

sábado, 8 de setembro de 2012

Quando Londres telefona eu atendo sempre.


A maioria das pessoas que conheço, emigrantes ou não, não gosta de londres. Talvez porque seja a cidade que de tão cool deixou de ser cool dizer é onde se quer viver, provavelmente porque já todos quisemos, numa adolescência mais ou menos distante, cá viver. Eu quis. Quando tinha 11 anos e vim pela primeira vez a Londres, disse à minha mãe que era onde queria morar quando fosse grande. Depois fui-lhe dizendo o mesmo de Amesterdão, Nova Iorque, talvez até de Barcelona, não me recordo. O que interessa é que a leviandade com que ia demonstrando o meu desejo por outras cidades à medida que as ia conhecendo de alguma forma retirava o enfase do amor primeiro e a coisa foi-se esquecendo. Aos 14 estive quase a abandonar a escola portuguesa por um ensino secundário numa escola interna inglesa. A minha directora de turma da altura, uma quase segunda mãe, dissuadiu-me do projecto, pondo a nu que razões que me motivavam não eram as certas. Depois veio a universidade, e o Erasmus, e londres e o king’s college voltaram a estar em cima da mesa. A febre do pós 9/11 e uma disposição especial do meu carácter – que aos 21 anos se obsecou com a ideia de haver um atentado ao estar eu separada dos meus loved ones e se fincou com todas as forças ao solo pátrio. Não era medo de morrer mas a ideia de que se caísse uma bomba onde quer que fosse eu quereria afundar-me com as pessoas que amava. Uma profunda parvoíce de pós-adolescência neurótica que (talvez) apenas o meu psicólogo possa (superficialmente) entender. A verdade é que eu sair com um urbano-depressivo* – assim perfeitamente taxado por um perspicaz amigo, hoje rock star destacado no retângulo, na altura apenas alguém com quem me baldava às aulas da tarde para ir ao cinema e discutia categorias descritivas do mundo que nos rodeava - também não deve ter ajudado. Assim sendo e para compensar, pumba, desisti da universidade pelo segundo ano consecutivo. Ora toma! (Depois voltei a ser uma menina bonita, fiz praticamente os quatro anos do curso em dois e compensei os desvarios.) Curiosamente, quando finalmente me decidi a dar o baza de Lisboa, Londres não apareceu no horizonte. Nem quando quis continuar a estudar fora e podia ter-me decidido por uma universidade inglesa – o que teria sido uma decisão muito mais acertada do que a que tomei. Mas as decisões, toma-as a vida e não eu, uma coisa que me irrita profundamente no meu carácter, e lá fui eu para Barcelona. De qualquer forma quando venho a Londres pergunto-me sempre porque é que não venho viver para aqui, já que saio sempre daqui uma pessoa nova. Só aqui numa sexta-feira à tarde de 24 graus estou na relva de Hampstead Heath a ler um livro e tenho ao meu lado miúdo com não mais de 3 anos a cantar incessantemente o beat it do MJ.Ora toma!
*O visado odiou a categoria que lhe espetamos e falou muito sobre isso com o seu psi, como ele lhe chamava, também me ficou com vários livros, mas por bem da minha saúde decidi não reclama-los. (Estou a ser má, mas o visado merece.)

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

da auto-imagem distorcida

Ter-me achado sempre o poster-child da responsabilidade e nas últimas três semanas ter:
1-  ido apanhar um voo, sem saber se ia estar sempre dentro do espaço schengen, sem passaporte;
2-  perdido um voo por não ter comigo o BI nem nada que se parecesse;
3-  deixado a mala com TUDO no café do aeroporto - excepto o passaporte que estava na mão - e aperceber-me disso só ao entrar no avião.

Como é que se assume aos quase 30 anos que se é cabeça-no-ar?

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

ainda de luto

google reader sem partilha é como estar na biblioteca a trabalhar dias a fio sem ninguém para os cinco minutos do café. 

Enganados