terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

a propósito de blurred lines

Sou filha dos anos 80 e isso quer dizer que o meu coming of age deu-se por volta dos anos 90- início dos anos 00. Chama-se a isso ter tido sorte cronológica, talvez. Os anos 90 deram a muito boa gente, sobretudo do género feminino e com preferências musicais assim a dar para um bocadinho sujas, modelos de emancipação que tornaram o ar dos tempos um bocadinho mais respiráveis. 
A ver, por muito catchy que Blurred Lines seja (e não ponho em causa quase nada em que o Pharrel tenha participação) é verdade que a letra me deixa um travo amargo. Este "I Know you want it" contem em si muitas mais situações que a marota óbvia. 

O travo amargo deu lugar a um certo incómodo e, por associações do cérebro dessas que não se sabem bem de onde vêm, um dia destes do Blurred Lines fui parar ao Date Rape de Sublime e fez-se luz.


(o video está cheio de outros dos problemas dos anos 90, o seu profundo teor homofóbico, por exemplo; o violador ser asqueroso, de forma a impossibilitar a empatia com ele; ao contrário dos players Thicke & Pharrel a segredar "I know you want it"). Por muito gingão que seja este "just let me liberate you" e sem ponta de saudosismo ou moralismo, prefiro ter crescido a cantar o date rape. Onde fica o "she didn't want to take it"?  on "She picked up a rock.,threw it at the car, hit him in the head, now he's got a big scar.". Viva a agência de mandar a primeira pedra.


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